MFC - MOVIMENTO FAMILIAR CRISTÃO
20 FEVEREIRO 2013 - CORREIO MFC BRASIL Nº 311
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Pautado
a falar sobre temas de economia, política econômica, economia política para
a Rede neste mês, encontrei uma maneira de falar da crise eclesial
desencadeada pela renúncia do Papa Bento XVI, que não se insere em qualquer
domínio convencional da economia, mas no conceito de “economia da salvação”
ou “economia da Revelação”.
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20 DE FEVEREIRO 2013 - CORREIO MFC BRASIL Nº 311 –
6.800 DESTINATÁRIOS
“Economia
da salvação”
em crise
Guilherme
C. Delgado*
Esclareço preventivamente que a economia
da salvação, no sentido teológico das ações palavras e obras comunicadas
por Deus à humanidade, não está em crise, mas sim as estruturas humanas
encarregadas da transmissão da palavra divina.
A renúncia do Papa, seguida das reflexões
por ocasião da homilia que pronunciou na quarta-feira de cinzas, põe a nu
um problema que o próprio Papa renunciante havia interditado à discussão
pública, quando ainda Cardeal da Congregação para Doutrina da Fé, puniu
Leonardo Boff, que havia levantado corajosamente o problema do exercício do
poder legítimo na Igreja em eu livro “Igreja, Carisma e Poder”.
Ironicamente agora a sucessão do Papa se dá num ambiente de crise aguda do
exercício de um poder absoluto, formalmente de um Estado-Igreja, monarquia
absoluta de direito divino.
O Concílio Vaticano II criou ou ratificou
algumas instâncias de ‘democratização’ do poder eclesial – o Sínodo dos
Bispos, as Conferências Episcopais nacionais e regionais e toda uma cultura
de colegialidade e descentralização. Mas o dois últimos papados, especialmente
o de Bento XVI, realizaram na prática um retrocesso à ordem antiga da ultra
centralização romana.E tal movimento não se justificou em nome das reformas
da Igreja, mas ao contrário para não fazê-las. E contraditoriamente o
líder intelectual dessa restauração é a grande vítima das engrenagens de
poder que ajudou a criar.
Todas essas questões são conhecidas de
longa data pelos católicos medianamente informados, especialmente por suas
hierarquias. Mas são literalmente interditadas ao debate público. É preciso
que ocorra uma renúncia papal, seguida de denúncia tácita das ‘divisões
internas’ e da ‘hipocrisia religiosa’ para que voltemos ao tema do poder
religioso, por ocasião da sucessão do Papa.
Por distração ou desinformação, a mídia
começou a tratar do tema da sucessão, de maneira convencional, tentando
adivinhar quem será o novo Papa, de que Continente, de que tendência
eclesial etc. Mas este é um debate limitado. Não vai ao cerne da questão. O
que está em causa é a ultra centralização do poder religioso e o seu desvio
da função carismática essencial, induzido pelas tentações de todo poder
absoluto.
Os Estados modernos resolveram o problema
do absolutismo, de diversas maneiras, mas convergindo para o sistema
democrático constitucional, a separação de poderes, os princípios
republicanos e a soberania popular substituindo o soberano príncipe, de
direito divino. A Igreja, na sua estrutura interna, desdenha dos princípios
da democracia e da república. Ainda que se defina no Concílio Vaticano II a
Igreja como povo de Deus, não há qualquer interesse em afirmar a cidadania
religiosa desse povo, especialmente da maioria esmagadora dos leigos.
Não se pode evidentemente transpor
estruturas de poder do mundo civil para o religioso, porque são distintas
suas missões. Mas há um adágio popular muito rico em sabedoria – “o poder
corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente’, que é válido também
para o poder religioso. E corromper aqui significa deixar-se dominar pelas
tentações do ‘Príncipe”, abandonando na prática o testemunho de Jesus
Cristo. Tentações estas nada abstratas, pelo que se deduz da fala de Bento
de XVI na quarta-feira de cinzas.
O lado bom da situação atual é podermos
tratar dessas questões publicamente, sem medo de interdições. Pena que
nossa imprensa religiosa não discuta mais profundamente as questões
internas da Igreja. Os problemas que Bento XVI levantou não vão se resolver
por atos de fala da autoridade religiosa. E nós todos, partícipes deste
Povo de Deus, temos direito e dever de participar dessa economia da
salvação em pleno Século XXI, na condição de cidadãos fiéis que precisamos
também ajudar a superar a crise de poder da Igreja, porque dificilmente a
cúpula do poder religioso o fará por iniciativa própria.
*Economista,
articulista do Boletim REDE e pesquisador do IPEA.
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Ciência e Fé
Todos conhecemos as perseguições,
condenações e mortes que marcaram o embate entre religião e ciência, ao longo
da história, sempre que surgiam divergências entre descobertas científicas e
interpretações religiosas de textos bíblicos, especialmente as dos relatos
sobre a Criação.
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Galileu foi julgado por
afirmar que a Terra não era o centro do Universo, e os astros simples adornos
instalados na abóboda celeste. Para não ser condenado à morte ou prisão,
preferiu proclamar publicamente o seu "erro" e viver em paz mais
alguns anos.
A
Igreja que o condenaria severamente, em defesa da fé, reconheceu o equívoco
de suas ações repressivas contra os avanços científicos, na singela
cerimônia em que o Papa João Paulo II anunciou a "reabilitação"
de Galileu, revogando a sentença secularmente discutida.
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Mais
tarde, todo o poder de fogo eclesiástico foi dirigido contra Darwin
e suas teorias evolucionistas. Suas obras foram incluídas no Index dos
livros que os cristãos estavam proibidos de ler, sob pena de excomunhão.
Com os avanços inexoráveis das ciências, as reações se esvaziaram, depois
de terem produzido alguns estragos perfeitamente evitáveis.
Foi, portanto, com a ajuda das ciências
que se tornou possível entender a Bíblia, não como um livro histórico e
científico. É, na verdade, uma obra catequética, que nos apresenta Deus e o
seu projeto de humanização, através de imagens compreensíveis pelos homens
e mulheres das épocas e culturas em que foram escritos os relatos e
discursos que a compõem.
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Permanecem
vivas entretanto inúmeras afirmações doutrinárias que não se rendem aos
avanços da ciência, levando muitos cristãos a se afastarem da fé, com perdas
para a credibilidade da Igreja: as questões que incomodam vão da resistência
inútil ao planejamento familiar com o uso de medicamentos, amplamente
praticado;, ao celibato forçado dos padres; ao novo casamento dos divorciados
e à proibição de acesso de mulheres ao corpo do clero católico. Futuramente
essas normas e disciplinas serão progressivamente revogadas e ouvidos novos
pedidos de perdão aos que foram prejudicados por esses equívocos.
SABEDORIA
Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si
só, uma vida. Sêneca
Não penses mal dos que procedem mal; pensa somente que
estão equivocados. Sócrates
Para quê preocuparmo-nos com a morte? A vida tem tantos
problemas que temos de resolver primeiro... Confúcio
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